Pintura a óleo sobre tela com dimensões de 80 x 62 cm sem moldura e 105 x 82 cm com moldura coeva do pintor Ernest Daret, representando o mito de Diana e Acteão.
Segundo o mito, durante uma caçada, Acteão provocou a ira de Diana ao surpreendê-la enquanto ela tomava banho com suas companheiras à sombra da selva Gargafia. O calor do verão, de fato, a levou a guardar as vestes e se refrescar, interrompendo a caçada. A deusa, para impedir que o caçador proferisse palavra sobre o que havia visto, transformou o jovem em um cervo, borrifando água em seu rosto. Acteão percebeu sua transformação somente quando, fugindo, chegou a uma fonte, onde pôde se espelhar na água. Enquanto isso, o caçador foi alcançado por seus 50 cães, enfurecidos por Ártemis, que, não o reconhecendo, despedaçaram seu antigo mestre. Os cães, uma vez que devoraram Acteão, saíram em busca de seu mestre por toda a floresta, enchendo-a de dolorosos lamentos.
Mais tarde, chegaram à caverna de Quíron, que lhes deu uma imagem de seu mestre para atenuar sua dor.
Se tivéssemos que escolher uma obra que ilustrasse com clareza a contaminação entre escolas pictóricas e plataformas referenciais fortemente caracterizadas, a pintura em questão ascenderia a um verdadeiro exemplar.
O impacto visual direciona, de fato, a investigação crítica para o contexto flamengo, que vê Jan Brueghel, o Velho (Bruxelas, 1586 - Antuérpia, 1625) e sua escola.
Dependendo dos âmbitos geográficos das respectivas escolas, o afortunado tema é moldado pela sensibilidade dos artistas, por sua vez condicionados pelo contexto cultural de referência, que no citado Brueghel privilegia a minuciosa investigação do real, tomando como ponto de partida a narração clássica para oferecer ao espectador uma resenha "enciclopédica" de plantas e animais. Isso determina um corte compositivo que coloca em forte destaque o primeiro plano, povoado por uma densa legião de personagens, incluindo tanto Diana quanto Acteão.
Esta última obra testemunha a indubitável penetração da cultura nórdica no norte da Itália, que já na época barroca ostenta uma extraordinária assimilação.
As semelhanças compositivas com a pintura objeto de estudo parecem, sem dúvida, evidentes - para reiterar o que foi dito -, embora esta última se distancie de forma nítida no plano estilístico e formal. O autor de nossa pintura transfere o mesmo tema para a tela através de uma linguagem solta e imediata, obliterando a grafia cuidadosa e o cuidado lenticular com o detalhe em favor da atmosfera e da força da cor.
Ingredientes, estes últimos, básicos também para a receita pictórica veneziana.
Nunca antes nos havíamos deparado com uma contaminação tão corajosa e fascinante entre duas escolas pictóricas - que representam ainda duas distintas visões do mundo e da arte -, realizada por um mestre criado na Flandres e emigrado para os territórios da Sereníssima, como aconteceu com Ernest Daret, mais conhecido como Monsù Ernesto (Bruxelas 1670 - Veneza pós 1725).
Conhecido por suas paisagens com cenas popularescas, demonstra, neste caso, uma personalidade bastante rica em estímulos e muito mais complexa do que até agora os testemunhos pictóricos nos transmitiram. Uma de suas características-guia, indispensável em cada uma de suas obras, é uma ampla perspectiva rica em natureza no fundo, com um primeiro plano rico em personagens, como notamos na construção desta obra.
O ductus, além disso, vivaz e cativante, expressa na pincelada matérica o espírito dos "pioneiros", ou seja, da primeira geração de paisagistas e vedutistas flamengos chegados a Veneza, que lançariam as bases para conferir uma nova identidade aos "gêneros estrangeiros", inaugurando os "magníficos destinos" do século de ouro.
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Dr. Riccardo Moneghini
Historiador da Arte